sexta-feira, abril 11, 2003

1/12/2000

Após longos dias de espera, depois de cartas e mais cartas
chegarem a nossa equipe reclamando "Cadê? Manda mais email não é?
Esqueceu dos amigos foi?", eis me aqui novamente mandando notícias deste
mundo estranho que é São Paulo.

Primeiramente eu digo, desisti completamente de entender o clima
de Campinas. A melhor maneira de saber o clima aqui é pelo método do
rabo-de-burro, que não deixa de ser uma coisa muito estranha mais funciona
perfeitamente. Para usar este sistema meteorológico, o indivíduo precisa
simplesmente pendurar um rabo de burro ao ar livre e basta observar o rabo
para saber as condições do tempo:

Se o rabo estiver com os cabelos separados e balançando, virados
para um lado, está ventando.

Se ele estiver com os fios todos grudados um no outro e pingando,está
chovendo.

Se você não conseguir ver o rabo, está neblinando.

E várias outras informações sobre o clima você consegue apenas
observando o rabo de burro.

Segundamente, Saiu no caderno Mais da Folha de São Paulo (e eu
ainda não me acostumei com o pessoal aqui lendo A Folha, já que a Folha
pra mim é aquele jornal que você aperta e pinga sangue) que existem certas
enzimas liberados por algas que ficam em suspensão na água marinha e que
vão sendo absorvidas por banhistas. Não há nenhum estudo sobre efeitos
maléficos dessas enzimas ao organismo, mas os cientistas chegaram a
conclusão que o contato com elas pode causar dependência depois de vários
anos. Ou seja, EU TÔ DOIDO PRA VER UMA PRAIA. Esse negócio do cara andar
com um pessoal que nunca viu um sururu na vida não dá pra mim não.

Terceiramente, mas tendo a ver com o segundamente, dia 22 eu estou
embarcando de volta a Recife pra passar o natal e ano novo e so voltar
pra cá dia 4. Qualquer sugestão sobre a programação deste período pode ser
mandada via email ou através de Duda (Yellow).

Quartamente, é chegado o momento de se falar de Marlu.

Marlu é a empregada lá da pensão. Salvo engano maranhense e, até
prova em contrário, sem uns dois ou três parafusos na cabeça.

Não que seja uma empregada ruim, muito pelo contrário, acho que
sem ela aquela casa se desmoronava, mas ela não é muito normal não.

Não vou nem falar muito da paixão dela por gaita, pois apesar de
ser meio estranho, não deixa de ser um instrumento musical conhecido, além
do que ela só toca fora da casa e aquele sonzinho de flauta lá longe acaba
não incomodando ninguém.

Mais para citar o caso mais evidente: liga lá pra pensão um amigo
meu Vítor, que divide apartamento com André e Divanílson, como eu não
estou, ele pede,

"Diz pra João Paulo ligar pra Vítor"

"Ahh, mas esse nome eu não vou lembrar não"

"Que nome?"

"Vítor (ou vitu, como provavelmente ela deve ter falado). Eu vouesquecer"

"Então pede pra ele ligar pra casa de André"

"André tudo bem, André eu lembro"

Seja como for, quando eu chego em casa, recebo o recado para ligar
para casa de André, para falar com alguém que ela não lembrava o nome. Eu
só espero que Divanílson não precise ligar lá pra casa.

Mas o bom mesmo, é presenciuar um conversa entre ela e Kosuke
(lê-se cousqui), um japonês que está fazendo intercâmbio e está a 8 meses
aqui no Brasil. Ele ainda não fala muito bem (embora fale excepcionalmente
bem para quem está aqui a apenas 8 meses) e ela tem aquele jeito rápido de
falar, comendo metade das palavras.

"Eu já falar bem português"

"Fala, fala otimamente"

"Como"

"Tu não sabe falar, tu nem entendo o que eu digo"

"Eu não entendo...Como?"

"Queque tu disse menino?"

E assim segue. Embora verdade seja dita, é necessário uma certa
concentração pra entender o que qualquer um dos dois diz. Mas como eu já
disse antes, não fosse por Marlu, aquela casa seria inabitável ("Ai, como
esses meninos bagunçam meu Deus do céu, dai-me forças senhor").

Quintamente, eu não aguento mais mensagens de paulistas com piadas
sobre Marta Suplicy (figura em anexo).

No mais vai tudo bem. Estou por aqui estudando diodo, modelo
pi-híbrido de transistor, método dos nós modificado para análise de
circuitos e todas aquelas outras coisas que, em geral, o pessoal de
eletrônica espera nunca ver mais na vida.